A resistência antimicrobiana (RAM), considerada uma das maiores ameaças à saúde global, foi o tema central do evento Sensibilização para a Resistência Antimicrobiana, organizado pelos três pilares do Complexo Pequeno Príncipe (Instituto de Pesquisa, Hospital e Faculdades) em parceria com a Associação Paranaense de Ex-Bolsistas no Japão (Apaex) no dia 6 de dezembro.
Realizado no auditório da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP), em Curitiba, o evento foi apoiado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) em continuidade a ações iniciadas em treinamento no Japão pela pós-doutoranda Luiza Souza Rodrigues, do grupo de pesquisa liderado pela pesquisadora Libera Maria Dalla Costa, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP), que também se especializou no país asiático. O seminário foi organizado por Libera e Luiza, com a colaboração de alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado do Grupo de Pesquisas de Microbiologia do IPP.
A mesa de abertura do encontro contou com a presença do cônsul-geral do Japão em Curitiba, Yasushiro Mitsui; do diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe (HPP), José Álvaro da Silva Carneiro; da presidente da Apaex, Ana Carolina Cons Bacilla; e de Libera Maria Dalla Costa. A vice-cônsul do setor cultural do Japão em Curitiba, Misaki Shoji, também acompanhou o evento.
Em seu discurso, Yasuhiro Mitsui ressaltou a importância da cooperação internacional no combate à RAM. No mesmo sentido, o representante da JICA no Brasil, Akihiro Miyazaki, reiterou que os desafios no tema são ainda maiores em países em desenvolvimento, salientando a importância das colaborações. José Álvaro Carneiro reforçou o papel do Hospital Pequeno Príncipe (HPP) como referência na área da saúde pediátrica e na conscientização sobre temas críticos.
Palestras e debates sobre RAM
A programação teve início com a palestra do médico Fábio de Araújo Motta, coordenador do Programa de Stewardship de Antimicrobianos do HPP. Ele abordou as relações entre a RAM, o Antimicrobial Stewardship Program (ASP) e os Comitês de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (CCIRAS).
“O stewardship representa o gerenciamento responsável dos recursos antimicrobianos, garantindo o uso sustentável e eficiente desses medicamentos essenciais. Precisamos atuar como guardiões da saúde, para evitar um cenário catastrófico no futuro”, afirmou Motta, destacando estimativas alarmantes que apontam para até dez milhões de mortes anuais causadas pela RAM até 2050, caso medidas eficazes não sejam tomadas.
Perspectivas clínicas e laboratoriais
A programação teve palestras sobre diferentes aspectos do combate à RAM. A médica Heloísa Giamberardino destacou a importância da vacinação como ferramenta preventiva, enquanto a biomédica Érika Medeiros enfatizou o papel estratégico dos laboratórios de microbiologia, ressaltando a importância da fase pré-analítica no diagnóstico laboratorial.
A biomédica Cássia Sant Anna, da empresa Biomerieux, esteve presente em duas apresentações com foco na fase analítica do diagnóstico laboratorial, explorando ainda o uso do R.E.A.L. – sistema de gestão em microbiologia incorporado ao ambiente hospitalar no gerenciamento da RAM e no ASP, reforçando a importância de abordagens integradas para lidar com infecções causadas por bacterianas resistentes.
A mesa-redonda sobre pneumonia em crianças reuniu especialistas como a médica Marion Burger, da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, a farmacêutica Marinei Campos Ricieri (HPP) e a biomédica Thaís Muniz Vasconcelos (IPP), que abordaram a epidemiologia e os desafios diagnósticos e terapêuticos das doenças pneumocócicas em pediatria.
Outro destaque foi a mesa-redonda Saúde Única – do conceito à ação, que tratou sobre a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental. Moderada pela farmacêutica e pesquisadora do IPP Libera Dalla Costa, a discussão contou com a farmacêutica e pós-doutoranda do IPP Danieli Conte, o técnico da Sanepar Antonio Cavalcante de Souza Júnior e a engenheira ambiental Jéssica Brustolim Lazarotto. “A abordagem integrada é essencial para enfrentar a RAM, considerando que a resistência antimicrobiana extrapola o ambiente hospitalar e afeta todo o ecossistema”, comentou Libera.
A estudante de pós-graduação do IPP e idealizadora do evento Luiza Souza Rodrigues realçou o papel transformador do evento: “Este evento não foi apenas um espaço de aprendizado, mas também um momento para fortalecer as relações e parcerias que podem transformar a forma como enfrentamos a resistência antimicrobiana”.
Conscientização como chave para o futuro
O evento salientou a necessidade de esforços coordenados para enfrentar a resistência antimicrobiana. Iniciativas como essa refletem o compromisso do Complexo Pequeno Príncipe em liderar debates e promover soluções que impactem a saúde global de forma positiva.