Evento marca o início de uma colaboração internacional entre a Purdue University, IPP e FPP, com foco em prebióticos, saúde intestinal e doenças inflamatórias
Na noite de quarta-feira, 28 de maio de 2025, o auditório da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP), em Curitiba, recebeu a pesquisadora Thaisa Cantu Jungles, professora da Purdue University, nos Estados Unidos, para uma palestra sobre a aplicação de prebióticos na saúde humana e as novas fronteiras da ciência intestinal. O encontro foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente e o Núcleo de Educação e Relações Internacionais da Faculdades Pequeno Príncipe.
A palestra integra as ações do projeto coordenado pela pesquisadora Daniele Maria Ferreira, do IPP, docente da FPP. O estudo é financiado pelo CNPq por meio do Programa Conhecimento Brasil – Apoio a Projetos em Rede com Pesquisadores Brasileiros no Exterior. A proposta reúne pesquisadores/docentes do IPP/FPP, como Fhernanda Ribeiro Smiderle, Cleber Machado de Souza e Lauro Mera de Souza, e de instituições parceiras, como a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) e a Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), e investiga a associação entre combinação de prebióticos, disbiose intestinal e doenças inflamatórias intestinais.
Durante sua apresentação, Thaisa compartilhou não apenas os avanços de sua pesquisa, mas também sua trajetória acadêmica — que teve início no Paraná, onde se formou em nutrição pela PUCPR e seguiu com mestrado, doutorado e pós-doutorado em bioquímica. “Eu uso os conceitos de bioquímica para desenvolver fibras alimentares específicas, os chamados prebióticos, que servem de alimento para as bactérias boas que vivem no nosso intestino”, explicou.
Segundo a pesquisadora, essas bactérias benéficas influenciam diretamente a saúde humana e estão envolvidas em funções como imunidade, digestão e até regulação do humor. O desenvolvimento de prebióticos personalizados, portanto, abre caminhos para intervenções nutricionais mais eficazes no tratamento e prevenção de doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn.
A professora também relatou como iniciou sua colaboração com o pesquisador Bruce Hamaker, da Purdue, e a construção de seu percurso até alcançar o cargo de professora de pesquisa na universidade americana. “A experiência de fazer doutorado sanduíche nos Estados Unidos foi decisiva para minha carreira”, disse. Após um pós-doutorado de quatro anos na Purdue, ela conquistou uma posição permanente, de onde hoje busca ampliar as conexões com centros brasileiros.
Início de uma cooperação estratégica
Embora ainda em fase inicial, a aproximação entre a Purdue University e o IPP/FPP deve gerar frutos importantes nos próximos anos. A primeira ação concreta é justamente o projeto coordenado por Daniele Maria Ferreira, que visa a fortalecer laços institucionais e a promover intercâmbio acadêmico.
“A colaboração com a professora Thaisa representa uma oportunidade estratégica para nossos estudantes. Ela traz não só conhecimento técnico de ponta, mas também a possibilidade de experiências internacionais e acesso a metodologias inovadoras”, afirmou Daniele. Para a coordenadora do projeto, o contato direto com uma cientista de reconhecimento mundial contribui para a formação de uma nova geração de pesquisadores com visão interdisciplinar e atuação global.
Além do desenvolvimento conjunto de novos projetos de pesquisa, a expectativa é de que a parceria inclua mobilidade de estudantes e professores entre as instituições. “Ainda estamos discutindo os termos desse acordo, mas a ideia é facilitar trocas acadêmicas e mostrar aos órgãos de fomento, no Brasil e nos EUA, que existe um vínculo sólido e produtivo entre as instituições”, explicou Thaisa.
Internacionalização e impacto científico
Para o IPP e a FPP, a presença da pesquisadora da Purdue reforça os esforços de internacionalização e amplia as possibilidades de inserção global da pesquisa feita no Brasil. “Parcerias como essa fortalecem nossas redes de colaboração, promovem inovação e aumentam o alcance internacional do que produzimos aqui”, observou Daniele.
A palestra também representou uma oportunidade de inspiração para estudantes de graduação e pós-graduação, que ouviram, de forma direta, os desafios e conquistas de uma cientista brasileira que construiu sua carreira em um dos maiores centros de pesquisa em ciência dos alimentos do mundo.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais (NERI), Regina Toazza, ações como essa fazem parte de um movimento crescente de internacionalização na Faculdades Pequeno Príncipe. “Temos feito prospecção para parcerias internacionais nas áreas de pesquisa, ensino e assistência, cumprindo a missão da FPP de formar cidadãos globais, com visão da pluralidade e diversidade cultural, o que faz com que nossos estudantes sejam diferenciados”, destacou.
Ao final da noite, ficou evidente que a visita de Thaisa Cantu Jungles vai além de uma palestra: é o início de uma nova ponte científica entre Curitiba e o estado de Indiana, nos EUA. Uma conexão com potencial para transformar não apenas os rumos da pesquisa em prebióticos e saúde intestinal, mas também para abrir portas para os jovens pesquisadores que trilham hoje o caminho que Thaisa iniciou anos atrás.