A Faculdades Pequeno Príncipe, em parceria com o Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, promoveu na quarta e quinta-feira (17 e 18), em Curitiba, o Segundo Seminário de Tuberculose – Determinantes e Vulnerabilidades. O evento tem o objetivo de atualizar profissionais da saúde e estudantes sobre a tuberculose, focando na prevenção e em tratamentos inovadores para a doença.
O evento, que recebeu profissionais de diferentes regionais de saúde do Paraná e de demais cantos do país, contou com mais de nove atividades entre palestras e mesa de debates. Dentre os assuntos abordados estão a estratégia global para o enfrentamento da tuberculose, a doença em populações vulneráveis, farmacologia clínica e na abordagem do paciente, as novas tecnologias dentro do Sistema Único da Saúde (SUS) para diagnóstico, além da troca de experiências entre os profissionais.
O Brasil está entre os 30 países com a maior carga de tuberculose no mundo, diagnosticando em 2023 mais de 80 mil novos casos com incidência de 37 casos por 100 mil habitantes. O país faz parte da lista prioritária para a TB e de compromissos internacionais na eliminação da doença, dentro dos Objetivos de Sustentável das Nações Unidas (ONU).
Na esfera estadual, entre 2021 e 2023, o Paraná registrou um aumento de 22,6% no número de casos. Foram 2.650 novos registros, que correspondem à incidência de 22,8/100 mil habitantes, em 2023. Em relação ao coeficiente de mortalidade, considerando que tem tratamento e o óbito é evitável, houve um aumento de 29%, com 158 mortes em 2019 e 205, em 2022, conforme dados da Secretaria de Saúde.
Perspectivas no tratamento da doença:
Considerado um problema de saúde pública, a tuberculose acomete os pulmões, mas pode atingir outros órgãos ou sistemas, como a pleura, gânglios linfáticos e ossos. O tratamento dura no mínimo seis meses, é gratuito e disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assim como o seu diagnóstico, que pode ser realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Com uma visão para as novas medidas de tratamento da TB, a pesquisadora da ENSP/Fiocruz-RJ, Prof. Dra. Margareth Pretti Dalcolmo, que as novas possibilidades de tratamento contribuem para a redução dos índices. “A tuberculose como toda doença longa tem um grave problema de adesão dos pacientes, então se nós pudermos alcançar tratamento mais humanizados, mais curtos e mais eficazes, seguramente nós estaremos contribuindo muito para redução do problema no Brasil e no mundo.”, destaca a médica.
Para além do tratamento medicamentoso, Fernanda Dockhorn, Coordenadora-Geral de Vigilância da Tuberculose do Ministério da Saúde, explica que a eficácia no combate à doença envolve um trabalho intersetorial que promova acesso a demais áreas em prol da saúde. “Não adianta achar que a saúde sozinha, que é diagnosticar e tratar, vai fazer diferença. A gente precisa dar acesso, equidade, trabalhar direitos humanos, estigma e discriminação, trabalhar com assistência social e a segurança pública, por exemplo.,
A multideterminação social e o processo básico de atendimento para a doença são fatores, mas o processo de prevenção e conscientização contribui para uma redução significativa dos casos, como explica o palestrante do evento e Consultor Nacional em Tuberculose e Hanseníase na Organização Pan-Americana da Saúde / OMS, Kleydson Andrade. “A prevenção é o caminho, mas também requer esforços coordenados e deve unir forças com outras esferas, como a justiça e assistência social. Ela tem tratamento preventivo e muito eficaz e pode evitar até 92% dos casos da doença”, destaca.
A importância do debate:
O Plano Nacional Pelo Fim da Tuberculose busca reduzir nacionalmente a incidência da TB em 90% até 2035 e o número de mortos em 95% em relação aos números de 2015. No Paraná, conforme o Plano Estadual pelo Fim da TB, a meta é reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e o número de óbitos em 95% até 2030.
O Plano é baseado em três pilares que orientam as ações contra a doença: Pilar 1 – Prevenção e cuidado integrado centrados na pessoa com TB; Pilar 2 – Políticas arrojadas e sistemas de apoio; Pilar 3 – Intensificação da pesquisa e inovação. Dentro dessa perspectiva, a promoção do debate e a atualização constante dos profissionais da assistência são consideradas importantes.
Kleydson Andrade, da Organização Pan-Americana da Saúde / OMS, destaca a importância de eventos como esse. “Essa parceria ensino e serviço é fundamental. É importante a gente manter a tuberculose no hall da formação profissional, para que esses profissionais que vão ocupar as cadeiras nos serviços de saúde, estejam habilitados, se sintam seguros para identificar a tuberculose, tratar a tuberculose para que a gente consiga realmente caminhar para a eliminação da doença.”