O compromisso com a excelência de ensino e inovação é bem presente na Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). Exemplo deste compromisso é a pesquisa Gamificação na Prevenção de Queimaduras: Desenvolvimento de um Jogo Infantil.
A proposta liderada pela enfermeira Leticia Machado Ferreira, egressa do Programa de Residência Uni-Multiprofissional em Saúde da Criança e do Adolescente, em parceria com a Profª Karyna Turra Osternack, docente da FPP, e a enfermeira Sara da Silva Skroch, egressa do curso de Enfermagem da FPP, foi reconhecida pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), que publicou uma matéria enaltecendo a iniciativa.
O Projeto originou-se das pesquisas para o artigo final que Leticia deveria produzir para obtenção da aprovação no Programa de Residência da FPP. Com uma ampla experiência no atendimento de crianças vítimas de queimaduras desde seus estágios na graduação, Leticia percebeu que muitos casos poderiam ter sido evitados.
Essa constatação inspirou sua pesquisa focada na prevenção de queimaduras. “A maioria das situações que eu atendi poderia ter sido evitada com ações de prevenção. Eu lia muitos artigos sobre curativos, por exemplo, coisas para crianças queimadas, eu não via o antes. Eu não queria trabalhar lá na frente com as crianças, eu queria trabalhar a prevenção.” explica a enfermeira.
A Pesquisa
A pesquisa começou a tomar forma quando Leticia escolheu como orientadora a Profª Karyna Turra Osternack, que propôs o uso da gamificação como ferramenta pedagógica. “Hoje é difícil prender a atenção das crianças sem um celular ou videogame. Então pensamos em algo onde as crianças ganham pontos enquanto aprendem sobre prevenção de queimaduras“, pontua a docente.
Para colocar a ideia em prática, a equipe precisava de alguém com conhecimento em games. Sara, recém-graduada em Enfermagem e com formação técnica em programação de jogos digitais, foi convidada pela Profª Karyna para assumir a parte técnica do projeto. Com a equipe completa, o trio contratou um desenvolvedor para criar o jogo.
A pesquisa foi estruturada utilizando a metodologia ativa do Arco de Maguerez, uma abordagem pedagógica voltada para a resolução de problemas. “O arco uma das primeiras metodologias ativas , focada na problematização. A Leticia tinha um problema que era alcançar as crianças para prevenção. Ela pesquisou quais são os ambientes que mais causam os acidentes, e utilizamos o Arco para chegarmos a uma solução: a criança joga e aprende sobre prevenção,” explica a Profª Karyna.
Esse método, amplamente utilizado na FPP, fortalece a pesquisa aplicada e favorece a identificação de soluções práticas para problemas reais. “O legal foi que ele fechou bem certinho, encaixou perfeitamente com a proposta que a gente tinha para o trabalho”, acrescenta Leticia.
O Jogo
O jogo é ambientado em cenários domésticos como cozinha, sala e banheiro, locais identificados como os mais propensos a acidentes. As crianças interagem com objetos que simulam situações de risco, aprendendo, de maneira lúdica, a evitar queimaduras e promover a segurança em casa.
A enfermeira Sara foi a responsável por desenhar o jogo e sua voz narra as conquistas do jogador durante o game. “Para escolher o design precisávamos de ilustrações que representassem os objetos, foi bem difícil. Ao longo do trabalho, algumas coisas foram sendo modificadas para ficar viável, como adaptar os tamanhos para o computador e o celular. O jogo é em 2d, mas a aplicação dele foi em 3d e a gente só conseguiu ver isso na prática”, compartilha Sara.
A intenção das enfermeiras é que o jogo se torne uma ferramenta útil para famílias, além de ser adotado por instituições educacionais e hospitalares dedicadas ao cuidado infantil. Para isso, elas continuam trabalhando na validação do jogo como um produto educacional junto à diretoria de pesquisa da FPP.
Impacto Social
O jogo desenvolvido pela equipe não só diverte, mas também ensina as crianças a identificar riscos em situações do cotidiano. Por exemplo, ao interagir com objetos na cozinha, é possível que utensílios quentes, como panelas no fogão, sejam evitados.
Esse conhecimento pode ser levado para a vida real, onde a criança, ao ver uma panela no fogão, sabe que deve manter distância. Ao longo do jogo, as crianças internalizam essas lições, transformando o aprendizado gamificado em ações preventivas no ambiente doméstico.
Essa abordagem tecnológica tem potencial para reduzir significativamente os índices de queimaduras infantis, ajudando famílias a promover ambientes mais seguros e protegendo as crianças de situações perigosas. “A ideia foi fazer um game que ensine as crianças sobre prevenção de queimaduras de forma divertida,” destaca Leticia.
Networking
Cada integrante da equipe desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do projeto, e as conexões estabelecidas ao longo do caminho foram fundamentais. Leticia, ao iniciar seu trabalho voltado para a prevenção de queimaduras, soube da reputação da Profª Karyna Turra Osternack e a contatou para ser sua orientadora. Durante o primeiro encontro, surgiu a ideia de utilizar a gamificação como ferramenta pedagógica, graças à experiência da professora com metodologias ativas.
“Eu sempre penso assim: posso não saber tudo, mas tenho o telefone de alguém que sabe. A rede de contato é essencial. A Sara gostava de games, eu achava legal, mas nunca tinha pensando em desenvolver. Foi literalmente um trabalho em equipe”, explica a docente.
Ter como cenário uma instituição como a FPP, que favorece contatos com profissionais atuantes no mercado, foi um diferencial importante para o sucesso do projeto. “Eu acho legal que a saúde possibilita essa conexão com outras áreas”, compartilha Sara.
Para Leticia o projeto ganhou proporções inimagináveis: “Nunca pensei que fosse possível tirar uma ideia da minha cabeça e transformá-la em um jogo. Foi surreal ver o produto final e jogar algo que nós criamos“, confessa.
Reconhecimento
O projeto foi apresentado na Mostra Científica da FPP 2023, onde foi premiado. “Na defesa, levamos um tablet para que as pessoas pudessem jogar, e o interesse foi enorme. Todos queriam competir e bater recordes de tempo,” lembra Leticia.
Além disso, recentemente a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) publicou um artigo sobre o game, colocando-o em evidência no cenário nacional, consolidando a pesquisa como uma ferramenta inovadora na prevenção de queimaduras.
O reconhecimento da qualidade de trabalhos e pesquisas produzidos na FPP como o artigo “Gamificação na Prevenção de Queimaduras: Desenvolvimento de um Jogo Infantil” demonstra o compromisso da Instituição com a pesquisa e o ensino. “Sempre gostei de trabalhar em ambiente hospitalar, mas sempre tive um pé na docência. Aqui na FPP, conseguimos unir saúde e educação, que são duas grandes áreas que movem o mundo. Gosto tanto de ser enfermeira que resolvi formar enfermeiros”, compartilha a Profª Karyna.
A egressa de enfermagem, Sara, concorda: “Eu amo a Faculdade, as metodologias ativas são muito importantes e me marcaram bastante. Fazer parte do artigo foi muito legal, primeiro pelo reconhecimento da Karina que é uma professora que admiro muito, e também pela confiança da Leticia. Ver o projeto e saber que ele pode ajudar as pessoas é muito especial”.
Para Leticia que precisou mudar de cidade para cursar a Residência na FPP, as experiência foram a realização de um sonho. “Eu queria trabalhar com pediatria, estudar em uma faculdade de renome na área. Residência é cansativa, mas recompensadora, a gente sai mais capacitado e mais seguro, melhor profissional e melhor pesquisador. Tenho muito carinho pela FPP, fui muito bem acolhida, é uma sensação de família, é toda uma estrutura que te ajuda a subir.”, confidencia.