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A violência contra crianças e adolescentes segue como uma das mais sérias violações de direitos humanos no Brasil. Embora silenciosa em muitos casos, seus impactos são profundos, duradouros e, frequentemente, devastadores. Por isso, saber como identificar, acolher e encaminhar corretamente essas vítimas é um dever de toda a sociedade.
Um problema nacional urgente
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, cerca de 200 crianças são vítimas de agressões físicas, psicológicas ou sexuais todos os dias no Brasil. O cenário se agrava quando são observados os casos de violência sexual: uma criança ou adolescente é vítima de abuso a cada oito minutos, segundo o UNICEF e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
A violência, infelizmente, começa cedo: meninas são sete vezes mais vítimas de agressão sexual do que meninos, e em 88% dos casos os agressores são homens. Muitas vezes, a violência acontece dentro de casa, praticada por familiares ou pessoas próximas, tornando ainda mais difícil o pedido de ajuda.
Realidade no Hospital Pequeno Príncipe
O Hospital Pequeno Príncipe, referência nacional no cuidado infantojuvenil, acompanha de perto essa dura realidade. Nos últimos dez anos, o número de atendimentos a crianças e adolescentes em situação de violência praticamente dobrou, passando de 378 casos em 2014 para 720 em 2024. Ao longo das últimas duas décadas, mais de dez mil pacientes de 0 a 17 anos foram atendidos com suspeita de violência.
Somente em 2024:
- 72% dos casos foram de violência intrafamiliar;
- a violência sexual foi o tipo mais frequente, com 58% das ocorrências;
- 67% dos agressores identificados eram homens;
- 71% das vítimas eram meninas;
- crianças de até 6 anos representaram o grupo mais vulnerável (474 atendimentos), com casos gravíssimos, inclusive de bebês com apenas 4 meses de idade;
- casos com fraturas e lesões graves subiram 60% (de 128 para 205);
- internamentos por violência aumentaram 31% (de 103 para 135);
- o número de crianças acolhidas em abrigos triplicou de 2023 para 2024.
Diante desses dados, a instituição reforça a importância de fortalecer redes de apoio, capacitar profissionais e promover campanhas permanentes de prevenção. O Hospital Pequeno Príncipe atua há mais de 50 anos no atendimento a vítimas de violência. A instituição tem uma equipe multiprofissional treinada para identificar, cuidar, e acolher crianças e adolescentes vítimas de violência. O protocolo de atendimento especializado inclui assistência médica, psicológica e social. Desde 2006, desenvolve a Campanha Pra Toda Vida, cujo propósito é sensibilizar, informar e mobilizar a sociedade sobre a importância de prevenir e enfrentar a violência infantojuvenil.
Quais os sinais de violência em crianças e adolescentes?
Muitas vezes, as crianças não conseguem verbalizar o que estão vivendo. Por isso, é essencial estar atento a sinais físicos, comportamentais e emocionais.
⚠️Mudanças comportamentais e emocionais
- Mudança brusca de comportamento
- Irritação, agressividade (reprodução de agressões)
- Tristeza, isolamento, insegurança, culpa ou medo exagerado
- Choro frequente, inclusive durante a noite
- Recusa ou dificuldade para dormir
- Gritos acompanhados de sons como batidas
- Desinteresse por atividades antes prazerosas
- Reações como retração ou mutismo (silêncio excessivo)
- Queda no rendimento escolar
⚠️ Alterações físicas e de saúde
- Excesso ou falta de apetite
- Retorno da evacuação nas roupas (mesmo após desfralde – pode ocorrer até na adolescência)
- Autolesões (machucar-se de forma intencional)
- Lesões na pele incompatíveis com a idade ou com marcas de arcada dentária adulta
- Hematomas em diferentes partes do corpo e com colorações variadas
- Fraturas em áreas sensíveis, como articulações, costelas, crânio ou dentes
- Tentativa de esconder marcas no corpo
- Aparência de má higiene
⚠️ Sinais no ambiente digital
- Isolamento, irritabilidade ou choro logo após o uso de dispositivos eletrônicos
- Exclusão repentina de contas em redes sociais ou aplicativos
Como acolher crianças e adolescentes vítimas de violência?
A psicóloga Daniela Prestes, do Hospital Pequeno Príncipe, orienta que é fundamental agir com sensibilidade, cuidado e responsabilidade.
- Crie um ambiente seguro e reservado, onde a criança se sinta acolhida e protegida, escutando sem interromper, repreender ou julgar.
- Esteja presente com atenção e escuta ativa, mostrando que acredita no relato da criança ou adolescente, sem julgamentos ou reações exageradas.
- Evite pressionar ou fazer muitas perguntas. Deixe que ela fale no seu tempo e da forma que conseguir.
- Respeite e valide suas emoções, mesmo que dolorosas. Acolher o choro, a raiva ou o silêncio é essencial.
- Mostre que ela não está sozinha. Diga que existem adultos e profissionais confiáveis que podem ajudá-la e protegê-la.
- Garanta a confidencialidade e segurança. Isso inclui respeitar o sigilo e encaminhar o caso aos órgãos competentes.
- Nunca minimize o relato ou tente resolver o problema sozinho. A denúncia e o apoio especializado são indispensáveis.
Onde pedir ajuda e denunciar casos de violência?
A proteção de crianças e adolescentes é um compromisso de todos. Poder público, organizações, pais, educadores, profissionais da saúde, vizinhos, amigos e toda a sociedade devem estar atentos e prontos para agir diante de qualquer sinal de violência.
CANAL | FINALIDADE | CONTATO |
Disque 100 (anônimo e gratuito) | Violência ou violação de direitos de crianças e adolescentes | Disque 100
WhatsApp: (61) 99611-0100 |
Conselho Tutelar | Proteção imediata à criança/adolescente | Procure o da sua cidade
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Polícia Militar | Emergências e flagrantes | Ligue 190
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SaferNet Brasil | Crimes e abusos on-line | www.safernet.org.br
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Defensoria Pública | Apoio jurídico para vítimas e famílias | Consulte o site do seu estado
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CREAS | Atendimento social a famílias e vítimas de violação de direitos | Procure o da sua cidade
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CVV – Centro de Valorização da Vida | Apoio emocional e prevenção do suicídio | Ligue 188 ou www.cvv.org.br
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Unidade básica de saúde (UBS) | Pode oferecer orientações e encaminhamentos para a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo cuidados em saúde mental | Procure o da sua cidade |
Se você suspeita ou presencia qualquer tipo de violência, não se cale. Denuncie! Você pode ser a única chance de proteção para alguém.